A análise minuciosa de um negativo permitiu determinar que uma imagem icónica da Revolução Mexicana em que aparece o revolucionário Emiliano Zapata Emiliano não foi captada pelo fotógrafo alemão Hugo Brehme (1882-1954).
Um comunicado, emitido pelo Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH) Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH) , informa que Mayra Mendoza, especialista na obra de Brehme, descobriu que no negativo se vê uma legenda que não tem qualquer relação com o estúdio fotográfico do alemão.
A famosa foto de Zapata, reproduzida, em inúmeros livros, revistas e camisolas, poderá - admite Mendoza - "ser obra de um fotógrafo norte-americano pouco conhecido, chamado F. Moray ou F. McKay".
No retrato, um dos mais famosos que dele se fizeram, Emiliano Zapata, herói da Revolução (1910-1917), aparece de corpo inteiro, com a espingarda na mão direita, o braço esquerdo apoiado no sabre e uma faixa a cobrir-lhe o peito, abaixo das cartucheiras.
A fotografia foi tirada no Hotel Moctezuma da cidade de Cuernavaca em 1911 e apareceu pela primeira vez impressa no diário El Imparcial, a 16 de Abril de 1913.
Mendoza, subdirectora da Fototeca Nacional do INAH, sustenta a sua tese no seguinte: descobriu que no negativo de impressão da imagem "é possível notar, sob a ponta do sabre [de Zapata], que a impressão esteve assinada em inglês com caligrafia manuscrita: Zapata, Photo and Copyright by F.M.".
Ora, segundo a perita, Brehme não costumava escrever anotações nas imagens, e todas as legendas nas margens foram por ele feitas com letra maiúscula de molde.
Acrescenta ainda que não há indicações de que o fotógrafo alemão usasse a língua inglesa nas suas impressões fotográficas. Privilegiou sempre o castelhano e, quando empregou outra língua, foi a alemã.
Outro argumento - assinalou a perita - é que "em nenhuma das colecções de Brehme no exterior é possível localizar o retrato de Zapata, muito menos assinado e selado por ele, como sucede invariávelmente com outras das suas peças".
Segundo a investigadora, o conhecido retrato foi atribuído a Hugo Brehme a partir de 1995 "sem qualquer referência histórica ou documental, por motivo da exposição 'México: uma nação persistente'".
"Nenhum testemunho fidedigno - vincou - indicava que assim fosse. Apesar disso, nasceu um mito sem fundamento que chegou até aos nossos dias", afirmou.
Na opinião da especialista, o erro deveu-se, talvez, ao facto de Brehme ter estado no quartel do chamado "Caudilho do Sul" e tirado várias fotografias célebres, como a dos irmãos Emiliano e Eufemio Zapata, com as suas respectivas mulheres.
Fonte: Expresso
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