Primeiro terço do século XX, autor desconhecido
Encontrada num arquivo particular de Santiago de Compostela
Encontrada num arquivo particular de Santiago de Compostela
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Estas fotografias faziam-se para dar conhecimento do óbito a familiares que estavam emigrados.
As fotografias por volta de 1900 requeriam uma larga exposição. As famílias pobres só podiam pagar um retrato, que na época custava o salário de uma semana, e a visita do fotógrafo era um acontecimento solene. Todos aparecem com os seus melhores fatos, desde a morta até a benjamim da família, que quando adulta só poderá recordar a avó por esta fotografia. Porque é possível que em vida a senhora não tenha feito nenhuma outra. Naquela época era mais habitual fazer-se uma fotografia post mortem que uma reportagem de casamento.
Agora esta imagem está exposta num bar de Santiago. Se os descendentes que aparecem retratados não entram para tomar o pequeno almoço será impossivel recompôr a história. O propietário do negativo não tem pistas. Explica que, até que apareceu a foto digital o normal nos autores era ceder os arquivos a outros mais jovens quando se retiravam, "porque o material ocupava espaço e porque sempre havia alguma fotografia que interessava".
A maior estudiosa da fotografía post mortem na Galiza também nada sabe desta imagem. Virginia de la Cruz Lichet, historiadora de arte, vive em Madrid. Não tem raízes em Santiago, mas um dia viu uma foto de Virxilio Vieitez, o retratista de Soutelo de Montes descoberto para o mundo em 1998 pela Fotobienal de Vigo. Vieitez, como todos os profissionais do seu tempo, fazia fotografia de mortos.
Do retrato acima nada se sabe. A imagem foi encontrada por um fotógrafo compostelano (que prefere o anonimato) num arquivo que herdou. Provávelmente trata-se de uma família dos arredores de Santiago de Compostela. Um clã muito humilde que perdeu a matriarca. O viúvo senta-se à cabeceira do caixão. Os demais são filhos, netos, e ao fundo vizinhos. São sobretudo mulheres - quando os homens emigravam - que se alinham respeitosas e vestidas no seu traje de luto.
Estas fotografias faziam-se para dar conhecimento do óbito a familiares que estavam emigrados.
As fotografias por volta de 1900 requeriam uma larga exposição. As famílias pobres só podiam pagar um retrato, que na época custava o salário de uma semana, e a visita do fotógrafo era um acontecimento solene. Todos aparecem com os seus melhores fatos, desde a morta até a benjamim da família, que quando adulta só poderá recordar a avó por esta fotografia. Porque é possível que em vida a senhora não tenha feito nenhuma outra. Naquela época era mais habitual fazer-se uma fotografia post mortem que uma reportagem de casamento.
Agora esta imagem está exposta num bar de Santiago. Se os descendentes que aparecem retratados não entram para tomar o pequeno almoço será impossivel recompôr a história. O propietário do negativo não tem pistas. Explica que, até que apareceu a foto digital o normal nos autores era ceder os arquivos a outros mais jovens quando se retiravam, "porque o material ocupava espaço e porque sempre havia alguma fotografia que interessava".
A maior estudiosa da fotografía post mortem na Galiza também nada sabe desta imagem. Virginia de la Cruz Lichet, historiadora de arte, vive em Madrid. Não tem raízes em Santiago, mas um dia viu uma foto de Virxilio Vieitez, o retratista de Soutelo de Montes descoberto para o mundo em 1998 pela Fotobienal de Vigo. Vieitez, como todos os profissionais do seu tempo, fazia fotografia de mortos.
A jovem vai fazer a sua tese doutural centrando-se neste autor e terminou encontrando outros como Maximino Reboredo, Pedro Brey o Ramón Caamaño.
Pelas suas mãos passaram umas quatrocentas imagens, um século completo, de fotógrafos rurais das quatro províncias, sobretudo de Pontevedra e Ourense. A maioria conserva-se em arquivos particulares de fotógrafos e muito poucas em instituições, porque é um material "delicado" que os proprietários "têm dificuldade em legar".
Pelas suas mãos passaram umas quatrocentas imagens, um século completo, de fotógrafos rurais das quatro províncias, sobretudo de Pontevedra e Ourense. A maioria conserva-se em arquivos particulares de fotógrafos e muito poucas em instituições, porque é um material "delicado" que os proprietários "têm dificuldade em legar".
De la Cruz iniciou o seu rastreio em 2001. A foto mais antiga que encontrou é da década de 70 do século XIX e a mais recente, da década de 70 do século XX. Segundo José Becerra, presidente da Federação Galega de Serviços Fúnebres, a foto de funeral já não se pratica em nenhuma aldeia.
De la Cruz defenderá na Universidade Complutense a primeira tese doutural sobre o retrato fúnebre na Galiza, dentro de um ou dois meses e conseguiu autorização das familias para reproduzir uma quarta parte das imagens que viu.
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Fonte: El País
3 comentários:
Olá! Parabéns pelo artigo, que só descobri agora...
Fiz uma ligação para esta sua mensagem, aqui:
http://cochinilha.blogspot.com/2011/09/sleeping-beauty.html
Obrigada pela partilha!
HI
I linked this post to my blog about my Book of the Dead.
http://www.reinojacheguei.blogspot.pt/2012/07/livro-dos-mortos-book-of-dead.html
Thank you!
Há algum relato de fotografia post-mortem em Portugal, especialmente no Norte ou Porto?
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