© Irving Penn
No tempo em que a fotografia de moda possuía um encanto muito especial, em que não haviam câmaras digitais, , em que as pessoas não diziam “muito fashion” e em que os segredos do preto-e- branco eram apanágio de um reduzido escol de artistas de corpo inteiro, o norte-americano Irving Penn ombreava com o seu compatriota Richard Avedon na construção de um universo onírico paralelo ao nosso, talvez rotulado de surrealista, povoado sobretudo por mulheres que nele se moviam com o à vontade do desconhecido.
Desaparecido Avedon, Penn manteve-se na vida por mais cinco anos, até a morte o levar no dia 7, aos 92.
Irmão mais velho do realizador de cinema Arthur Penn, Irving estudou com o lendário exilado russo Alexei Brodovitch na escola de arte do Museu de Filadélfia, publicou desenhos na Harper,s Bazaar, de que Brodovitch era director artístico e, ao longo das décadas que se seguiram à II Guerra Mundial, trabalhou para a Vogue, à qual imprimiu a sua marca especial, que consistia sobretudo em “apertar” os modelos contra as paredes convergentes de um canto despojado.
Os seus retratos de figuras conhecidas permanecem igualmente como uma referência, sendo-nos por vezes difícil imaginar Picasso, Stravinsky, Marta Graham, Marcel Duchamp ou Georgia O´Keefe sem que se nos formem na desfocada retina da memória as poses encenadas por este criador de universos.
Talvez habite agora ele próprio num mundo de claros-escuros cheio de cantos de paredes nuas, ao lado dos seus modelos. L.A.M.
Fonte: Visão
Sem comentários:
Enviar um comentário