Um anúncio da Coca Cola, o banco de uma rua qualquer, as barbearias para a "gente de côr", um sinal de tráfego, o olhar perdido dos passageiros do metro de Nova Iorque... Qualquer coisa atraía o olhar áspero e nú de Walker Evans (1903- 1975).
Na sala da Fundação Mapfre de Madrid abre hoje ao público uma ambiciosa retrospectiva com uma centena de originais tomados entre 1928 e 1975. A selecção das obras, que percorre todas as etapas básicas do seu trabalho para livros, revistas e instituições, procedem de uma colecção particular americana.
Pouco amigo de difundir a sua imagem, a exposição arranca, com três auto-retratos de Evans realizados no final da década de vinte. Depois mostra as fotografías, que o converteram no grande retratista da América profunda, carregada de melancolia e miséria, um país ferido pela Grande Depresisão de 1929.
Nas gasolineiras, nas humildes vivendas dos mineiros, nas montanhas de ferramentas destinadas a abrir contentores, trabajadores que contemplam o horizonte (nunca olham a câmara) com profunda tristeza.
São gestos e rostos capturados por Evans com diferentes câmaras, mas sempre a preto e branco. Até ao final dos seus dias, quuando, muito condicionado físicamente, se aventurou na côr com a agora defunta Polaroid.
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