sexta-feira, 25 de março de 2011

A quarta "Tertúlia Fotográfica" realiza-se amanhã


Tertúlias Fotográficas” emerge das conversas regulares sobre Fotografia entre Gaspar de Jesus e Inês Gama, em torno da mesa de esplanada do Museu de Serralves.

Este projecto pretende ser uma extensão desses encontros, convidando todos os olhares fotográficos à reflexão e debate colectivos num ambiente informal e de partilha a ter lugar no espaço “Patos no Lago”, Rua Montebelo, 116 – Porto.

A quarta tertúlia decorrerá já amanhã dia 26 de Março, às 16 horas.

Pode inscrever-se gratuitamente, deixando o seu nome e contacto através do e-mail: tertuliasfotograficas@gmail.com

terça-feira, 22 de março de 2011

"Labirinto Aberto" de Niels Kiené Salventius, em Avintes

© Nivelas Kiené Salventius 

Para além da Pintura e do Design Gráfico, a Fotografia manteve-se sempre como a grande paixão de Niels Kiené Salventius (1975, Gouda/Holanda). 

No Verão de 2005, Niels encontrava-se no topo de uma duna, nos "Les Landes" franceses, perto de "Hossegor", uma área conhecida pelas suas extensas praias e dunas cobertas de pinheiros. Aí realizou as suas primeiras séries de fotografia paisagística. Surpreendido pelo bom resultado fotogénico, começou, então, a captar outras imagens daquela área. Foram o início de "Retratos de Paisagens".
Da sua fotografia, diz Niels. “As melhores imagens foram aquelas, das quais não estava à espera. Na maior parte das vezes, em locais remotos, sem talento para serem considerados um cenário belo. Estes são os desafios que eu amo e que me preocupo em descobrir. A personalidade que está subjacente àquele solo ou para além do horizonte. Faz-me sentir no tempo certo, no local errado.

Os seus trabalhos podem agora ser vistos na exposição "Labirinto Aberto" que estará patente ao público  de 21 Março a 17 de Junho, no Parque Biológico de Gaia, em Avintes.

domingo, 20 de março de 2011

“No Feminino” , de Maria Humberta Maciel

© Maria Humberta Maciel 

Integrada no âmbito do Dia Internacional da Mulher, o Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Barcelos apoia a exposição fotográfica “No Feminino” , de Maria Humberta Maciel ( Barcelos, 1958).

A autora, que começou a fotografar aos doze anos, exerce funções como docente do pré-escolar desde 1982 em Braga, onde reside,  faz uma pequena mostra do mundo da mulher minhota, naquilo que mais a marcou desde a infância. “Amando, orando e labutando… Foi ao registar, fotográficamente, estes momentos, que observei a simbiose entre o profano e o religioso, entre o esforço de um trabalho árduo e os momentos de repouso, que se repetem, de geração em geração, numa sociedade ainda rural”.

A exposição está patente até 3 de Abril na Biblioteca Municipal (Largo Dr. José Novais), podendo ser vista de segunda a sexta-feira das 9h30 às 18h00 e ao sábado das 9h30 às 12h30.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Francesca Woodman

© Francesca Woodman

A fotógrafa americana Francesca Woodman (Denver, 1958-1981), deixou-nos um legado de cerca de 800 fotografias em que o objecto principal do seu trabalho era o próprio corpo, apresentado por vezes com uma visão tão comovente que parece impossível ter sido criada por alguém tão novo.

Começou a fotografar com apenas 13 anos, enquanto estudava na Abbot Academy, uma das poucas com cursos de arte. Uma das suas professoras, a fotógrafa Wendt Snyder McNeill incentiva-a a prosseguir os seus estudos na Rhode Island School of Design (RISD, Providence/EUA).
Entre 1977 e 197878 estuda em Roma (itália) na sede européia do RISD com a amiga Sloan Rankin, e realiza aí a sua primeira exposição individual. No outono de 1978 volta a Providence, onde conclui os estudos na RISD, obtendo o título de BFA em Fotografia e de seguida vai viver para Nova Iorque.

No início de Janeiro de 1981 publica um livro que era claramente um pedido de ajuda: "Some Disordered Interior Geometries". Uma semana depois, a 19 de Janeiro atira-se da janela do seu apartamento, mergulhando finalmente para a morte, pela qual sempre se sentira atraída. Tinha apenas 23 anos.

Escrevendo a um colega, dizia Woodman “A minha vida neste momento é muito antiga, como sedimento da chávena de café e prefiro morrer jovem deixando várias realizações…em vez de desordenadamente apagar todas essas coisas delicadas…

Miguel Cardoso dedicou-lhe um poema:

FRANCESCA WOODMAN
Uma rapariga
que roda
a cabeça
na sombra
e os pés
no bordo
tremendo
da madeira
desfoca
o centro do amor.

Uma rapariga
que enrola
as tripas
na luz
que afaga
as paredes
e roça
os vestidos
nas costuras
das casas
cristaliza
o poroso poder
do cimento

Uma rapariga
que ventoinha
nua
mostra
os dentes
e traça
quadrados
de arame
no ar
enrodilha
os corpos
no medo.
Ah como a carne
saltita
macilenta
nas fotografias
e como é bom saltar
à corda
sobre sombras.
O tempo sustém
roupas e cabelos
com pinças delicadas.
Não é fácil fingir que se paira,
que não se vai morrer.

Pode-se acreditar nos lugares
onde uma rapariga adia o corpo mortal,
nos lugares onde a pele chupa a luz
e se afunda no umbigo
dos lugares.

Pode-se acreditar no reverso
dos corpos, no negativo aguçado
do lugar que nos foi dado.