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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Fotografia “post mortem”

Primeiro terço do século XX, autor desconhecido
Encontrada num arquivo particular de Santiago de Compostela
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Do retrato acima nada se sabe. A imagem foi encontrada por um fotógrafo compostelano (que prefere o anonimato) num arquivo que herdou. Provávelmente trata-se de uma família dos arredores de Santiago de Compostela. Um clã muito humilde que perdeu a matriarca. O viúvo senta-se à cabeceira do caixão. Os demais são filhos, netos, e ao fundo vizinhos. São sobretudo mulheres - quando os homens emigravam - que se alinham respeitosas e vestidas no seu traje de luto.

Estas fotografias faziam-se para dar conhecimento do óbito a familiares que estavam emigrados.
As fotografias por volta de 1900 requeriam uma larga exposição. As famílias pobres só podiam pagar um retrato, que na época custava o salário de uma semana, e a visita do fotógrafo era um acontecimento solene. Todos aparecem com os seus melhores fatos, desde a morta até a benjamim da família, que quando adulta só poderá recordar a avó por esta fotografia. Porque é possível que em vida a senhora não tenha feito nenhuma outra. Naquela época era mais habitual fazer-se uma fotografia post mortem que uma reportagem de casamento.

Agora esta imagem está exposta num bar de Santiago. Se os descendentes que aparecem retratados não entram para tomar o pequeno almoço será impossivel recompôr a história. O propietário do negativo não tem pistas. Explica que, até que apareceu a foto digital o normal nos autores era ceder os arquivos a outros mais jovens quando se retiravam, "porque o material ocupava espaço e porque sempre havia alguma fotografia que interessava".

A maior estudiosa da fotografía post mortem na Galiza também nada sabe desta imagem. Virginia de la Cruz Lichet, historiadora de arte, vive em Madrid. Não tem raízes em Santiago, mas um dia viu uma foto de Virxilio Vieitez, o retratista de Soutelo de Montes descoberto para o mundo em 1998 pela Fotobienal de Vigo. Vieitez, como todos os profissionais do seu tempo, fazia fotografia de mortos.
A jovem vai fazer a sua tese doutural centrando-se neste autor e terminou encontrando outros como Maximino Reboredo, Pedro Brey o Ramón Caamaño.
Pelas suas mãos passaram umas quatrocentas imagens, um século completo, de fotógrafos rurais das quatro províncias, sobretudo de Pontevedra e Ourense. A maioria conserva-se em arquivos particulares de fotógrafos e muito poucas em instituições, porque é um material "delicado" que os proprietários "têm dificuldade em legar".
De la Cruz iniciou o seu rastreio em 2001. A foto mais antiga que encontrou é da década de 70 do século XIX e a mais recente, da década de 70 do século XX. Segundo José Becerra, presidente da Federação Galega de Serviços Fúnebres, a foto de funeral já não se pratica em nenhuma aldeia.

De la Cruz defenderá na Universidade Complutense a primeira tese doutural sobre o retrato fúnebre na Galiza, dentro de um ou dois meses e conseguiu autorização das familias para reproduzir uma quarta parte das imagens que viu.
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Fonte: El País

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Espelhos Matriciais

©Renato Roque

O fotógrafo Renato Roque vai fazer amanhã (29 de Outubro) a apresentação da sua tese de mestrado multimédia “Espelhos Matriciais”.
O acontecimento terá lugar pelas 11:00 horas, na sala I-105 da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Nesse mesmo dia e local é inaugurada uma exposição de fotografia realizada no âmbito da tese, que poderá ser visitada até ao dia 20 de Novembro.

O projecto Espelhos Matriciais utilizou uma BD de 400+39 retratos: de amigos, de conhecidos e sobretudo de desconhecidos da Universidade do Porto que aceitaram ser fotografados. A tese comprova que processos de factorização estatísticos de rostos permitem reconstruções perfeitas para rostos da BD e reconstruções com um erro suficientemente pequeno para outros retratos, possibilitando, mesmo neste caso, um reconhecimento quase perfeito. Comprovámos ainda que os humanos conseguem reconhecer retratos reconstruídos com muito poucos componentes – cerca de 20 – utilizando uma técnica que desenvolvemos, associando PCA (Principal Component Analysis) e ICA (Independent Component Analysis).”

A imagem acima é a média de 439 retratos, o que significa que se Renato Roque te fotogafou, estás também neste retrato.

Fonte: Uma espécie de blogue